quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Um clipe com o nome da professora



My Chemical Romance - Helena

Juro que não há nenhuma mensagem subliminar aqui - Cristian Boragan

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Kelly Key, Nietzsche e a Noiva Ensangüentada



Por Cristian Boragan

Qual é a relação entre três personagens que vivem em mundos tão díspares: O profeta Zaratustra, de Frederic Nietzsche, a noiva ensangüentada de Kill Bill e o clipe da cantora Kely Key?

No livro de Niestzsche – Assim Falava Zaratustra – o profeta-hermitão desce da montanha em que vive com a serpente e a águia para ensinar a verdade aos homens. Pobre Zaratustra. Numa das passagens, o espiritualizado anticristão profeta diz: “Deveis guardar o seu ódio ao mais digno dos inimigos, aquele que merece respeito, O que merece o teu desprezo, merece apenas o teu desprezo”.

Na película de Tarantino, temos logo na primeira cena em preto e branco uma noiva completamente coberta de sangue e assustada. Ela sobrevive à chacina e passa os dois filmes da série lutando contra tudo e todos.

No primeiro clipe de Kelly Key, Baba Baby, ela é uma jovem que decide ir à forra contra um professor que deve tê-la esnobado no início da adolescência.

O elemento que une as três histórias é um sentimento poderoso chamado vingança. Antes mesmo de vermos a noiva ensangüentada em Kill Bill, podemos ler que a ‘vingança é um prato que se come frio´. Segundo dicionários online, vingar-se é retribuir ‘na mesma moeda’ o mal que nos foi feito. “Olho por olho, dente por dente”, dizia o Pentateuco.

Zaratustra confirma o poder da vingança e do ódio e pede para que não desperdicemos. Segundo ele, devemos guardá-los para ‘o mais digno dos inimigos´. A noiva de Tarantino busca na vingança as suas forças para uma trilha sanguinária até eliminar todos da sua lista. A arma escolhida é a espada Hatori Hanzo, a melhor espada de todos os tempos, que distribui a justiça entre os povos, como um sabre de luz Jedi. E Kelly Key com aquele ‘corpão’ deixa o professor ‘chupando o dedo’. Afinal de contas, cada um se vinga com as armas que tem.


Cena de Kill Bill 1 – Na minha opinião, uma das melhores cenas de luta de todos os tempos

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

FESTAAA !!

acabou ...
até que enfim ...

bem vindos ao sétimo semestre.

como o sexto semestre já acabou, incluindo o trabalho deste blog, agora ele fica livre ( na verdade ele já era ).

vou postar um clip que retrata bem esse clima de fim de semestre, agora é só festa, orgia e perdiçao ...

esse clip é foda, a banda também é foda ...

PS: Não é o clip original, é uma regravação feita por uns muleques doidos dos EUA. Mas é uma copia fiel ao original dos Beastie Boys

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pretenciosos da MPB

Por Bruno Pavan

Sintetizar a música brasileira é tão difícil...

É concreto e ao mesmo tempo... abstrato...

Afoxé... Yeah Yeah... Bacurim... Bagô...

São ritmos genuinamente afro africanos...

O simples cair de um coco...

Uma gota d'água num brejo molhado...

O arranho das pernas do tatu...

Tudo isso foi necessário para dar o tom certo de nossa brasilidade musical...

É um puta ritmo complexo meu!!!

Montar a árvore genealógica dessa estrutura musical... É como... Sei lá... Montar castelos de areia sem os potinhos para montar castelos de areia...


O dia em que São Paulo “tomou um doce”




Por Cristian Boragan

“Antes de nada eu gostaria de explicar, segue agora um mosaico de imagens mil, chamado a Marchinha Psicótica de Dr. Soup...” – assim, com um cenário branco, uma cadeira e uma cartola, o performático Júpiter Maçã, apesar de conhecido apenas no circuito alternativo, começa o seu único clipe: A Marcinha Psicótica de Dr. Soup. Vemos imagens do que conseguimos distinguir como o centro de São Paulo. Um carnaval fora de hora acontece lá. É como se a cidade tivesse se rendido ao LSD. Para quem conhece a obra deste artista gaúcho, não é de se estranhar uma abordagem assim. No CD anterior, a 7ª Efervescência Galáctica, Júpiter Maçã explora o universo das drogas com as já clássicas Abrindo as Tortas e as Cucas e Miss Lexotan 6mg, Garota. O bizarro carnaval segue pelas ruas e pessoas – provavelmente moradoras – olham assustadas e curiosas para tudo aquilo. Júpiter e uma bandinha – daquelas ao estilo de fanfarra das escolas – seguem seu caminho ao som do refrão: “ ... e pra provar, minha querida, este amor tão radical, eu escrevi esta marchinha para tocar no carnaval...”. É uma cena surreal, uma marchinha conduzida por alguém que lembra o Coringa, arquiinimigo do Batman. Se pudessem ouvir a letra, os moradores concordariam com um dos trechos: “bem-vindos à orgia niilista, ai que gostoso, que delícia, muito mais paulista, anunciados, o homem-bala e a mulher-canhão”. Como suas músicas, Júpiter Maçã é um daqueles talentos originais brasileiros reconhecidos por poucos aqui em terras brasileiras, a maior parte do seu público é de fora. Graças àquela teimosia que alguns por aqui ainda temos em buscar a originalidade, Júpiter Maçã e muitos outros continuam a esperar o dia em que a arte deles seja de fato reconhecida pela grande imprensa.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tudo continua na mesma

por Leandro Tavares

Desde muito cedo ouvimos dizer que as crianças são o futuro de uma nação. É verdade, mas que futuro é esse quando se tem desigualdade social exacerbada, qualidade de vida nenhuma e principalmente escola de base é quase inexistente no Brasil.



Essa música da Banda Charlie Brown jr, retrata exatamente isso, é muito fácil às pessoas dizerem que as crianças são o futuro da nação, o difícil é por isso em prática, já que em especial no nosso país, as coisas qualquer que seja demora muito de acontecer.

O clipe em si não é bem feito, muito menos, faz questão de retratar esse tema como fator principal, salvo no começo do clipe onde mostra crianças dando duro e carregando mercadorias pesadas, fora isso, nada mais no decorrer do clipe.

Talvez essa iniciativa poderia ser feita por todos, independente de ser artista ou não, pois o beneficio será para todos com uma sociedade mais qualificada e valorizada.

Diante de tudo fica uma pergunta, porque sabemos dos problemas que acontecem em nosso país, porem não fazemos nada? Porque os políticos sempre tocam nesse tema em suas campanhas eleitorais, mas na pratica a maioria deles também não fazem nada? Essas e tantas outras perguntas estão e ficará sem respostas por muito tempo ainda.

domingo, 30 de novembro de 2008

Tudo ao Mesmo Tempo

Depois de uma onda de violência, reflexões e críticas sociais promovidas pelos ilustres membros desse blogue, gostaria de, por um momento, voltar a levar o título do mesmo ao pé da letra.

Com a palavra cantada, R.E.M.:



O single de Imitation of Life foi lançado pela banda norte-americana de Michael Stipe em 2001, mesmo ano em que o clipe acima chegou às telas da televisão. Nos pouco mais de quatro minutos de vídeo é exibida uma única cena - uma festa à beira da piscina - com o foco mudando de pedaço para pedaço da pequena e animada pândega. E a parte em destaque parece sempre sincronizada com a música e os vocais. Impressionante?

Impressionante mesmo é saber que originalmente essa tomada da piscina não tem mais do que 20 segundos. Explica o diretor Garth Jennings: "O clipe todo demorou 20 segundos para ser filmado. O que você está assistindo é um loop que vai para frente por 20 segundos, para trás por vinte segundo, para frente por vinte segundos, para trás por vinte segundos, com uma câmera estática, e depois com uma técnica chamada 'pan and scan', que é o nome técnico da técnica usada quando pegam um vídeo em formato widescreen e o reformatam para caber na sua televisão ou DVD, se movendo por partes da cena inteira. E você vê que fazemos isso pegando várias pessoas dentro do quadro"
.

Obviamente não dá pra dizer que o R.E.M. é uma banda mal das pernas - mas Imitation of Life é a prova de que não são os computadores, mas sim as cabeças que fazem os efeitos mais legais.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Laranja Mecânica



As comunidades que vivem em centros urbanos abragem toda e qualquer ação que atinge a ordem pública.

Conflitos familiares, crises existenciais, reprovação escolar, falta de moral, desrespeito, ausência de influência política, desemprego, tráfico em geral e preconceito são algumas das raízes da violência.

Todo esse círculo vicioso se origina na privação da educação e melhores condições de vida, geradas a partir de uma má distribuição de renda que resulta na falta de condições dignas de sobrevivência.

Embora seja praticamente impossível erradicar total a violência, as autoridades acreditam na solução através de reforço policial e equipamentos de segurança, investimento que supri superficialmente o medo, porém não condena a irresponsabilidade do governo diante do problema social.

Idéias e projetos para minimizar o emaranhado de violência não bastam sem uma auto-análise individual de cada cidadão, o minúsculo ato de reflexão reflete em paz a partir do conhecimento.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mr. Catra e a Putaria Puritana das Elites



Por Cristian Boragan

Como diz a mendiga Estamira no documentário que leva o seu nome, eles são ‘espertos ao contrário. Vão à França e assistem shows eróticos no Moulin Rouge e no Lido. No Brasil, gastam e que podem – e parcelam o que não podem – em cirurgias estéticas para esticar um pouco mais a juventude e a sexualidade: são eles, a sociedade hipócrita representada pelas elites.

Elas colocam próteses de silicone numa velocidade espantosa, maçãs no rosto e cada qual com seu amante, mas quem representa a putaria? Mc Catra e o funk. Certa vez numa coletiva de imprensa com a cantora Fernanda Abreu, foi perguntado o que ela achava das letras ofensivas e sexuais do funk. A resposta foi arrebatadora: “Eles (a elite) largaram os pobres lá no fim do mundo, nunca se preocuparam se eles comiam, estudavam ou nada assim. As comunidades se reuniram em guetos e quando o funk, a cultura destes guetos, chega à Zonal Sul do Rio, vem a mesma elite dizendo que é música ruim”.

O pior das críticas elitistas são os argumentos cristãos ‘travestidos’ de intelectuais. Dizem, por exemplo, que o funk que incentiva o sexo desvaloriza a mulher. Voltemos um pouco ao século XIX e ao naturalista Charles Darwin. Em seu livro A Evolução das Espécies, Darwin desmistifica o criacionismo e fala sobre as leis naturais de evolução como a todos os seres vivos. Se todos somos seres vivos dotados de processo evolutivo e, como animais, somos iguais, será que uma galinha, uma vaca (apenas para ficar naqueles animais que servem como adjetivos de excesso de sexualidade) são desvalorizadas a cada vez que fazem sexo? A obra de Mozart, por exemplo, é ‘recheada’ de sexo com Dom Giovani, por exemplo. Será considerada, portanto, ruim!? Hoje existem especialistas apenas na parte pornográfica da obra de Shakespeare. Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros, tem um livro apenas de poemas eróticos chamado ‘ O Amor Natural’, coletânea lançada após a morte do autor. Só o funk que fala de sexo é ruim!? E Drummond, Shakespeare e Mozart? O que são?

O problema da elite brasileira é sua ‘régua com duas medidas’, o ‘filho de papai’ que queima índio e bate em empregada merece todos os amparos de um país democrático, com direito a hábeas corpus, enquanto o bandido pobre merece a pena de morte. O show do Moulin Rouge é arte, a filha que casa com o empresário rico é esperta, mas a Bruna Surfistinha é prostituta – e o livro dela se tornou best seller por causa de um país de analfabetos que só pensa em sexo.

A crítica ao sexo no funk encobre o preconceito à própria cultura dos guetos, considerada pobre e inferior pelas elites. Lombroso aplicado a cultura. Voltando à mendiga Estamira, ela critica a escola e chama os alunos de ‘copiadores’, nada mais profundo e apropriado aos graves problemas educacionais brasileiros. Pobre Estamira, ela não sabe que, se depender das elites, os copiadores sempre terão vez na cultura.




" Trailer ESTAMIRA, para quem ficou interessado"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Renegados

O dia da consciência negra (20 de novembro) não poderia ser ignorado neste blog. Tentar encontrar um legítimo representante da raça seria uma tremenda injustiça com tantas pessoas que tanto contribuíram para a evolução da música ao longo dos tempos, seria impossível escolher um. Mas a data não poderia passar em vão.

Marvin Gaye, Little Richard, Chucky Berry, Michael Jackson, Ella Fitzgerald, 2pac, Louis Armstrong, entre tantos outros, inúmeros, poderiam facilmente figurar em uma lista entre os maiores artistas da história musical recente. Mas o feriado é brasileiro.

O dia da consciência negra coincide com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, morto em 1695 em uma emboscada. Zumbi é o símbolo da resistência contra a sociedade escravocrata daquela (só daquela?) época. Então seria justo escolher um artista brasileiro? Não. Assim como internacionalmente, no Brasil, os negros também foram de vital importância para o desenvolvimento de nossa identidade musical e cultural. Racionais, Cartola, Pixinguinha, e por aí vai ...

Como a coerência não é pré-requisito para escrever, e o papel (ou o teclado) aceita tudo, escolhi uma música gringa, de autoria do Afrika Bambaataa, mas na maravilhosa versão dos norte-americanos de origem latina do Rage Against the Machine. A música? Renegates of Funk.

“Não interessa quanto você tente, você não pode nos impedir agora
desde a era pré-historica e os dias da grécia antiga
em baixa através da idade média
quando a Terra continuou passando por mudanças
Nada continua o mesmo, lá sempre teve renegados
como Cacique Touro Sentado, Tom Payne
Dr. Martin Luther King, Malcom X
Eles eram renegados do tempo e da era
Tantos renegados
Nos somos os Renegados do Funk”

Por ser uma das bandas mais politizadas da atualidade, e também da história, o RATM aproveitou a letra e fez um clipe que resgata grandes personalidades negras da história, que de alguma forma foram vítimas de preconceito e renegadas pela sociedade.

Para quem gosta do tema, o clipe é demais, até arrepia ver algumas citações como Rosa Parks, Malcom X, Luther King, Muhammad Ali...não dá para citar todos, a história de cada um dá pelo menos um livro, dos bons.

Obama e Lewis Hamilton romperam barreiras, nos próximos anos, outros também deixarão de ser renegados, enquanto isso, vamos parar para refletir, o feriado foi criado com esse intuito. Raised Fist, Black Power !

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Rapper mais velha do mundo

Por Cristian Boragan



Era uma vez uma senhora sueca de 93 anos. Cansada de fazer tricô, dar comida pro gato, tingir o cabelo de roxo (última moda na terceira idade) e cuidar dos netos (é claro que nada disso pode ser considerado verdade, apenas suposições daquele que escreve), Greta Segerson, uma sueca de Gotemburgo, se torna a mais velha rapper do mundo - e com sucesso. Este vídeo, postado recentemente no Youtube já recebeu quase 30 mil visitas. A rapper Greta se apresenta em festas de aniversário e em asilos. Alguém sabe sueco? Algum fã de Ingmar Bergman, talvez? É uma pena, queria compreender o que ela canta.

PS - que bingo que nada!!!!! Os cursos da 3ª idade da Fapcom poderiam adotar uma aula de rap para seus alunos.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Colarinho Branco

Por Leandro Tavares

A música fala por si só, é uma crítica contundente ao sistema brasileiro, seja ele, legislativo ou executivo. Mv Bill é um dos Rapper de maior expressão nacional e internacional devido as suas músicas e documentários. Nascido no Rio de Janeiro, numa das Favelas mais violenta do Brasil senão for a mais violenta, Cidade de Deus.

O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, aqui os colarinhos brancos roubam e mandam matar, mas nada acontece. Já os traficantes e bandidos do nosso país, esses sim, a polícia brasileira faz questão de ir atrás ate as últimas conseqüências. O porquê ser assim?



A maior riqueza do Brasil está nas mãos de poucas pessoas, ou melhor, poucas famílias detentoras de uma riqueza desproporcional perante a pobreza que a maioria da população brasileira vive. O clipe faz esse tipo de crítica, como pode um país como o Brasil ter uma distribuição de renda falida, isso mesmo falida, já que é inexistente para a população.

A saúde então nem se fala, médicos recebem tão mal que é melhor abrir sua própria clínica, estrutura nem existe nos hospitais públicos, gestantes nem fazem mais pré-natal, coisa essência durante a gravidez, porque, muitas vezes, não tem os equipamentos necessários e nem médicos qualificados para isso.

A corrupção essa tão conhecida dos nossos noticiários diários é muito triste dizer, mas já acostumamos com esse tipo de notícia e, o pior nada acontece para com esses políticos, também pudera a maior parte desses políticos é quem detém a riqueza de nosso país o dinheiro sabemos de onde vêem isso mesmo do nosso bolso.

Enfim, o clipe nada mais é do que a realidade brasileira infelizmente, enquanto pessoas estão morrendo de fome, outras estão esbanjando dinheiro e comida, também tem muito que, às vezes, não sabem o que fazem com tanto dinheiro. E pior não se sabe se um dia isso irá acabar quem sabe daqui há 20,30 ou 50 anos, o importante é que isso um dia acabe.

E tem mais o clipe se passa em meio a dois contrastes: um a precariedade do sistema público de saúde, e outro no palácio do planalto, reduto de nossos deputados, juizes e claro o presidente da republica, o que será que eles acharam desse clipe? Já que para gravar lá, com certeza, o MV Bill obteve autorização de alguém.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Uma porrada na cabeça para desentupir o cérebro.

O primeiro single do segundo álbum da banda inglesa Arctic Monkeys, do ano de 2007, chegou para calar a boca de alguns críticos que não acreditavam que a banda repetiria o mesmo sucesso e a mesma pegada do primeiro álbum “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not“.

Brianstorm, não confunda com Brainstorm, é uma porrada nos ouvidos e o vídeo clipe é um choque visual, o diretor soube utilizar muito bem todos os recursos que se propôs.

Muitas luzes misturada com um jogo de imagens alucinantes, telas multicoloridas alternadas com tomadas em sépia, bailarinas fazendo coreografia típicas de Pop Music dançando na pegada do rock´n roll pós punk da banda de Sheffield.

Outro elemento curioso é o jogo de fotografias sincronizadas com certos trechos da música dão mais um toque confuso e bem humorado ao vídeo, como uma imagem de um rapaz sarado sendo Brian, e de relâmpagos na hora de “thunder” que deveria ser um “trovão”.

Brianstorm, com o perdão do trocadilho já incluído no próprio nome, é uma tempestade de recursos que não combinariam em outras ocasiões, mas que bem utilizados fizeram um dos melhores clipes de rock dos últimos anos, vencendo prêmios da MTV na Europa e atingindo o topo das paradas inglesas.

Deliciem-se com essa cacetada musical da terra da Rainha.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Videoclipe pode ser alternativa pedagógica?



Por Cristian Boragan

Para os cientistas do Grande Colisor de Hádrons, a resposta é SIM. Antes, um ponto a esclarecer: Que raios é um Grande Colisor de Hádrons e para que serve?

Trata-se do maior acelerador de partículas do mundo, com 27 quilômetros de comprimento e fica entre a Suíça e a França. Segundo o Wikipedia, é muito fácil de entender o que faz este tal de Colisor de Hádrons: “Um dos principais objetivos do LHC é tentar explicar a origem da massa das partículas elementares e encontrar outras dimensões do espaço, entre outras coisas. Uma dessas experiências envolve a partícula bóson de Higgs. Caso a teoria dos campos de Higgs estiver correta, ela será descoberta pelo LHC. Procura-se também a existência da super simetria. Experiências que investigam a massa e a fraqueza da gravidade serão um equipamento toroidal do LHC e CMS ("Solenóide de Múon Compacto"). Elas irão envolver aproximadamente 2 mil físicos de 35 países e dois laboratórios autónomos — o JINR (Joint Institute for Nuclear Research) e o CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire).”

Se a física não era a sua matéria predileta na escola, e com certeza também não era a favorita de maior parte da humanidade, fica difícil entender o que o tal do túnel de 27 quilômetros que faz partículas colidirem na velocidade da luz pode fazer pela ciência. A cientista Katherine McAlpine , editora cientifica do experimento Atlas, teve o seu dia de Eurekka e inventou um meio fácil de divulgar o que faz o tal do grande Colisor: criou um rap e postou no youtube. Até a edição deste texto, o rap já havia sido assistido mais de 3 milhões de vezes.

Consciente ou não, a bela Dra. McAlpine acaba de dar uma alternativa didática nova. A linguagem do começo ao fim é de um videoclipe tradicional, intercalando não-linearidade e letra que deixa um pouco mais traduzível o tal do Grande Colisor de Hádrons. É um caminho pedagógico para “Paulos Freire da era cibernética”.

PS – Será que nossos cientistas brasileiros deixariam o preconceito de lado e lançariam um funk para explicar algum conceito?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fonte de inspiração


Daft Punk - Harder, Better, Faster, Stronger

LINKS: Site / MySpace / Vídeos

Muito além do que uma simples referência para a música eletrônica, o duo francês Daft Punk adotou os orfãos da geração analógico/virtual no final dos anos 90. Com uma postura agressiva e futurista, conquistou com bom gosto as críticas e a popularidade.

No início de 1997, os ravers não esperavam ser seduzidos pelo encanto do BIG BEAT da dupla, uma sonora progressiva que reinventou o gênero dance da época.

A forma energética, viva e inovadora dos dois jovens tem uma base carismática com o rock'n'roll, partindo nitidamente para um estilo heterogênico porêm comercial. Imediatamente novo ao mesmo tempo retrô, "copia e cola".

Com uma música dançante consagrada pelo ecletismo crescente do disco, o Daft Punk se consagra ao provar que o dance é uma influência fora do universo dos sons pré-programados.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Paralamas de Sucesso - Ela disse adeus

O clipe desta música é muito original, e se relaciona bem com a ótima letra. No clipe, Fernanda Torres é uma sátira a mulher de antigamente. Ela não tem vida e somente faz as coisas para os três maridos. Passa, cozinha, limpa e é tratada muito mal.

Até que um dia Fernanda se cansa de ser tratada com tanto desdém e desinteresse e resolve acabar tudo com os três. Após a revolta da esposa, os maridos entram e depressão. Bebem demais, tentam o suicídio entre outras loucuras.

E finalmente, no final do clipe, a mulher mata os três maridos, cada um de um jeito. Um afogado na Banheira, outro envenenado e o terceiro enforcado com um pano.

O recado que o clipe passa é para os homens terem cuidados com as esposas e que hoje as coisas não funcionam com antigamente.

domingo, 12 de outubro de 2008

Amor Sem Fronteiras

por Fernando Mucioli

Olá mais uma vez, queridos leitores e não-leitores do Clipearte. Depois de uma pequena folga, voltamos com mais uma pérola do mundo dos videoclipes, dessa vez direto das terras geladas da Islândia.

Da última vez falamos de policiais porra-louca e homenagens a filmes dos anos 70 e 80. No post de hoje, um assunto mais sublime abordado numa linguagem mais poética - se não pelo texto deste que vos escreve, pelo menos no clipe de hoje. Com a palavra, Björk:



"Tudo está cheio de amor", diz a música da compositora islandesa, enquanto o vídeo mostra dois robôs levando à flor da pele o significado da canção.

Se tudo está cheio de amor, isso engloba aquilo que, aparentemente, não tem vida. E se tudo está, de fato, cheio de amor, ele pode ser praticado por qualquer coisa, de qualquer forma.

Numa primeira olhada, o clipe de Björk - que tem como marca de sua carreira profissional buscar sempre o que está fora das convenções - não poderia trazer um paradoxo maior. Porquê falar de amor usando seres sem sentimentos? Porquê eles têm a forma de mulheres?

Indo um pouco mais adiante: o que define as imagens desses robôs como sendo de mulheres? Por causa dos seios e feições suaves? É isso que define um ser humano do sexo feminino?

Peço perdão pelo excesso de exclamações. O fato é que, além do aspecto artístico visual, esse clipe traz uma série de subtextos e temas para reflexão que, na cabeça aberta de alguém, pode gerar algumas boas discussões. Fica a dica.

domingo, 5 de outubro de 2008

White Stripes e Creative Commons

Por: Allan Ravagnani
Conforme destaquei no meu último post, vou explicar um pouco o que é o Creative Commons, ou CC.

Todos já devem ter visto o símbolo © de Copyright, ou Todos os direitos Reservados em álbuns de música, vídeos e filmes. O copyright reserva ao autor da obra todos os direitos contidos nela, sendo assim, proibindo outras pessoas de utilizarem a obra para qualquer fim, que não seja o usufruto doméstico. A organização Creative Commons (veja o site), propõe uma idéia diferente, os artistas podem registrar suas obras com partes dos direitos reservados, ou até nenhum direito reservado. O que faz com que sua obra fique livre para outros artistas utilizarem conforme queiram, podendo remixar as músicas, alterar os clipes, ou até fazer algo diferente, como aconteceu com a banda White Stripes.

A banda norte-americana White Stripes é formada por um guitarrista e uma baterista, um dia, um baixista conhecido como Steve McDonald resolveu pegar o disco White Blood Cells, e regravou, inserindo baixo em suas músicas, depois Mcdonald disponibilizou as músicas em MP3 no seu site da internet. Melhor do que escrever, veja esse vídeo que explica muito bem o processo, que visa facilitar a vida de todos os artistas do mundo. Muito interessante.


veja abaixo a versão original do clip da banda White Stripes, Seven Nation Army.



Gravado em um plano contínuo e infinito, Seven Nation Army, inova tanto na forma quanto no conteúdo dos vídeos clipes, a utilização das cores predominante branca, vermelha e preta deu uma característica singular à banda. Fazendo o clipe atingir o topo de todas as paradas.

O clipe que conquistou a primeira posição,foi o primeiro single dos White Stripes, que figurou entre os dez primeiros lugares da parada britânica.

Entre a crítica especializada, há quem aponte a dupla como sendo o futuro do rock 'n' roll e os artistas mais relevantes do cenário pop da atualidade.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Na contramão


Fatboy Slim - Praise You

LINKS: Tradução / Myspace / Wikipédia

Existe uma fórmula para um bom vídeo clipe? Com certeza, não.

Basta um pouco de criatividade para surpreender as expectativas e fugir do padrão, sem muitos investimentos a única alternativa é explorar a simplicidade com originalidade.

Algumas pessoas se deixam iludir com uma seqüência fantasiosa, composta por um jogo de imagens, idéias vazias e ausência de conteúdo.

De preferência, o ideal seria a sensação de um plano fora do âmbito que estamos acostumados na realidade, só para quebrar o gelo e reforçar a proposta de entretenimento.

Uma postura excessiva que apela para recursos com efeitos especiais e cenários extraordinários, mesmo sem nexo, são elementos suficientes para agradar os olhos de quem não possui uma sensibilidade crítica, capaz de alcançar um julgamento final coerente.

Sem dúvida um bom vídeo clipe não significa um encadeamento de ilustrações descartáveis, desperdício de dinheiro e poluição sonora.

Quando a intenção se esforça em sobressaltar os conceitos e parâmetros a palavra chave é: fertilidade.

domingo, 28 de setembro de 2008

Deixa eu brincar de ser feliz – Um conto de solidão

Por Cristian Boragan

Um dos princípios da hipnose é o sono quando olhamos fixamente um objeto por muito tempo, por isso, aquela imagem do hipnólogo com um relógio de bolso nas mãos nos é tão forte em termos de atração. A mesma sensação hipnótica tem Herbert ao olhar por muito tempo o limpador de pára-brisas do carro em movimento. A chuva é pouca e o barulho da borracha das paletas sobre o vidro vinha numa constante ritmada. A estrada é faz tempo uma linha reta e Herbert pouco se movimenta dentro do veículo, ele não precisa trocar as marchas, ou virar o volante ou ainda pressionar mais ou menos o acelerador. Este é o trecho da Rio-Santos, logo depois de Ubatuba e Herbert está a caminho de Paraty. Para piorar a situação, não é possível sintonizar muito bem a maioria das rádios e Herbert procurou por um bom tempo no dial, indo e voltando várias vezes, até que algum som pudesse finalmente ser encontrado. Herbert ouviu apenas o refrão "...deixa eu brincar de ser feliz..." e o quarentão, que não conhecia nada sobre a música ou sobre a banda, gostou do que ouviu.

Herbert é a figura do jornalista infeliz e sempre fora taxado por este adjetivo porque é uma daquelas pessoas dominadas pelas outras. Essa impressão de "frouxo" que temos de Herbert vem com o tempo. Numa primeira olhada, dá para se enganar com a postura visceral e explosiva dele frente aos problemas. Usando uma máquina de raios-X, vemos que Herbert era dominado por seus colegas de trabalho, pelos seus filhos e por uma esposa que, se dependesse das vontades ocultas dele, já seria ex há muito tempo. Podemos afirmar usando uma margem de 80% de acerto: talvez nem jornalista ele seria se não fosse obrigado a isso na infância. O curioso é que as mulheres exercem um maior poder sobre Herbert. Por gostos e decisões pessoais talvez, vemos a vida de Herbert apenas pelo lado negativo, o lado fracassado..., mas temos outras verdades para dizer ao seu respeito: o homem é um gênio das redações por onde passa e se fosse um mercenário, seria hoje uma pessoa muito rica e poderosa. Não era assim, pois Herbert temia a Deus, o Deus cruel e impiedoso do Velho Testamento.

Naquela noite e sem motivo algum, Herbert decidiu se libertar daquela situação. Foi assim mesmo! Ele não precisou de nenhum evento como "gota d'água". Quieto e com a polidez habitual, pegou seu carro e resolveu dirigir sem destino até que as idéias de que fazer com o peso da sua própria vida ficassem mais claras. Herbert mora bem próximo ao centro de São Paulo e quando se deu conta já estava na Rio-Santos a caminho de Paraty. Durante esses anos todos, Herbert foi hipnotizado pela vontade dos outros. Ele tinha crises existenciais pelo menos três vezes ao dia e não sabia muito bem o que fazer com elas no plano concreto. De verdade, ele pedia com toda fé a Deus que o livrasse daquele cálice.

Num rompante desses, espera-se que a pessoa seja "iluminada" de alguma forma e busque forças para mudar de vez aquilo que "emperra" a sua felicidade. Herbert dirigia sem destino em busca da tal "iluminação". Como ela não veio mesmo, Herbert abaixou a cabeça mais uma vez e sentiu muita vergonha. Ele vai voltar para casa, vai pedir desculpas para os filhos que o manipulam, para a esposa que não ama, para a amante - seu verdadeiro amor - que talvez nunca vá assumir e pela manhã, vai acordar bem cedo para não chegar atrasado ao trabalho. E o que ele vai fazer lá? Defender aquilo que não acredita.
PS: Baseado na canção ‘Todo Carnaval Tem Seu Fim’ da banda Los Hermanos.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Qual é

por Leandro Tavares

O clipe exalta talvez um dos mais expoentes músico brasileiro dos últimos tempos, no inicio da década de 90 fez parte de um grupo chamado Planet Hemp. Um grupo sem rodeios para mencionar palavras fortes em suas músicas, tanto é que chegaram a ser presos por seus atos.

O ponto central de minha fala na verdade é sobre o clipe, então vamos a ele – o nome da música é, qual é? Fazendo um pergunta a todos sobre a razão social que algumas pessoas estão inseridas no país e aos negros.

Basicamente ele (o clipe) tem duas versões num só, já que a música proporciona essa conotação, primeiro fala das gerações desde as crianças até os mais velhos, mostrando suas necessidades, limitações que se tem pelo perímetro urbano e a realidade social que a maior parte do brasileiro faz parte, o subúrbio.

Marcelo D2 é conhecido por esse tipo de música, aliando RAP ao Samba, coisa que poucos conseguiram fazer. Seu jeito de encarar a realidade dizendo a todos o que realmente acontece nos grandes centros, fez dele ser respeitado em todas as classes da sociedade - seja rica ou pobre. O lado B do clipe (vamos dizer assim), no meu ponto de visto, foi o que chamou mais minha atenção.

Ele trata dos negros, tanto que a música a todo o momento diz: “qual é neguinho qual é” sempre simbolizando a raiz do Brasil, no caso os negros. O preconceito que o negro sofre ao chegar a algum lugar, as desconfianças que se tem dos negros, o olhar virado ao ver um negro passar e principalmente deixando bem claro que os negros nunca têm o lado bom das coisas, e sim os restos.

Tem um momento do clipe que o próprio D2 como é chamado, faz gesto que foi feito nas olimpíadas de Montreal em 1976 o Apartheid, que entrou para a história da humanidade. Enfim, de forma ampla o seu propósito é demonstrar a realidade que está distante de muitos de nós.


domingo, 21 de setembro de 2008

Sabotagem

por Fernando Mucioli

Hoje se fala muito em como a linguagem dos videoclipes - cortes secos, falta de linearidade, rapidez - influenciou o cinema comercial. Nesse post vamos falar um pouco do contrário.



"Sabotage" é uma das faixas do "Ill Communicaton", um dos mais conhecidos álbuns do grupo de hip-hop norte-americano Beastie Boys. Nele, como mencionado, temos o exato oposto do que vemos hoje nas grandes películas Hollywoodianas: um filme dentro de um videoclipe. Os três rapazes (senhores?) novaiorquinos encarnam os papéis de três dos mais durões inspetores de polícia que topam qualquer parada para enfrentar o crime.

Qualquer pessoa com meia massa encefálica funcional pode identificar em Sabotage pelo menos uns duzentos filmes e seriados de ação rodados da década de 1970 a o começo da 1990 - Havaí 5-0, Starsky e Hutch, Miami Vice, ou qualquer um do Charles Bronson, que Deus o tenha. As cenas fecham com a letra em um formato totalmente sinestésico, mas simples: falam-se de grampos, armadilhas e vingança. Nada mais justo para uma música chamada "sabotagem". Isso tudo, e estamos apenas em 1994.

Nada disso é de graça ou muito menos fruto da sorte, porém. O diretor desse vídeo é um pequeno monstro da indústria cinematográfica chamado Spike Jonze - que, alem de ter dirigido dezenas de videoclipes em sua carreira, também tocou Adaptação e Quero Ser John Malkovich. Ele também ajudou criar e produzir a série Jackass.

Esse vídeo é junção da genialidade de um diretor capaz de pensar totalmente fora dos padrões com o amor de toda uma geração por filmes de policiais durões com o espírito inegavelmente urbano dos Beastie Boys - e do hip-hop. Em 2004, a revista Rolling Stone elegeu Sabotage como uma das 500 melhores músicas de todos os tempos.

Realidade que dói

Por Bruno Pavan

Na minha opinião, um dos melhores clipes nacionais já feitos. O Racionais foi uma banda que revolucionou a música brasileira. Mano Brown e seus amigos abriram os olhos do país, de que há uma periferia prestes a explodir e que a realidade não é só o que a novela diz. E mostra uma periferia não acomodada. E que não vai engolir qualquer coisa que se passa na TV. Acho que o RAP é muito importante para a cultura, pois faz a periferia ter uma identidade própria. O líder da banda, Mano Brown, não é uma pessoa culta. Fala errado e em seu discurso há erros de concordância e muitos outros. Mas o importante é a idéia que ele passa. Seu discurso humilde incomoda os hipócritas que acham que moramos na Suíça. Estes mesmo hipócritas que têm um discurso racista contra o presidente Lula, simplesmente porque fala para o povo e se faz entender.

Falando um pouco sobre o clipe, que é uma junção fantástica entre a letra e o vídeo. Todos estão acostumados a ouvir discursos de ir para a rua, mudar o país, derrubar a burguesia entre outros tantos. Nada contra poetas que escreveram brilhantemente este tipo de protesto, como Cazuza e Renato Russo. Mas os Racionais escrevem de forma direta. Sem rodeios, sem metáforas, sem comparações com filósofos e estudiosos. O vídeo, que se passa na ex-casa de detenção do Carandiru é simples. Chocantemente simples. Eles andam pelo presídio e cantam. Esse vídeo é combinado com uma letra fortíssima que mostra a situação desse presidiário. Além disso, Mano Brown canta mostrando todas essas emoções. Emoções que mudam de acordo com a letra. Algumas vezes o presidiário se mostra desesperado em outras, ele se mostra calmo. Em outros momentos, ele está completamente descrente de tudo, e em outros ele mostra o pouco de fé que ainda há dentro dele. Bom, é melhor para de falar.

veja o clipe.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mundo Livre S/A usa ficção para interpretar visualmente suas músicas

Por: Allan Ravagnani

Os dois clipes são completamente diferentes entre si, mas compartilham, além da música da banda, uma estrutura narrativa de ficção, como se fossem pequenos curtas-metragens.

“Laura Bush tem um senhor problema” começa em uma luxuosa cobertura em Boa Viagem, Recife, onde um homem aparentemente poderoso está aos gritos com uma garota, que se revolta e resolve tomar várias doses de cachaça na beira da praia. Uma outra mulher a encontra e as duas seguem andando pela cidade até chegarem a um morro de Casa Amarela, quando acontece uma manifestação contra um político.

O clipe prende a atenção, foge de redundâncias e impressiona pela fotografia, mas foi prejudicado comercialmente por causa das cenas de beijo entre as duas personagens. Percebe-se que todas as imagens foram feitas no Recife, mas a história poderia se passar em qualquer lugar que tenha favelas convivendo com bonitas paisagens e altos edifícios.

“Carnaval inesquecível na Cidade Alta” lembra filmes de Fellini e Buñuel ao se situar no limite entre o real e o irreal. O clipe é um delírio carnavalesco, uma viagem de um bêbado jogado no meio das ruas de Olinda, uma alucinação com personagens de visual absurdo, como a punk com tranças rastafári, um frentista que enche a cara de gasolina e um estilista louco.

A Mundo Livre S/A liberou todas as suas músicas para quem quiser produzir seu próprio clipe, no sistema de Creative Commons, ou CC, que é uma opção para o © do Copyright, onde o artista libera sua obra para alguns usos, inclusive comerciais, dependendo da licensa.

O sistema Creative Commons será tema do meu próximo post.

Laura Bush tem um senhor problema


Carnaval inesquecível na Cidade Alta

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Videoclipe é Arte?

Por Cristian Boragan

Anos 20, a recém-criada sétima arte entra numa fase de vanguarda e com ela os cineastas Dziga Vertov e Walther Ruttman começam a articular imagens, música e novas formas de montagem para conseguir modelos inéditos de narrativa. Para estes cineastas, novas formas significavam uma transcendência do meio (cinema) frente ao teatro e literatura. As obras O Homem com a Câmera e Berlim e Sinfonia da Metrópole se parecem muitos com os atuais videoclipes.

Musicais ou filmes cheios de música já eram muito utilizados por Hollywood nos anos 50, mas em nada diferiam da experiência de um show, por exemplo. Quando no início da pesquisa sobre videoclipes, acreditei que o primeiro era Rock Around de Clock. Nada disso. Em poucos cliques, descobri que o primeiro foi um vídeo publicitário dos Beatles, da música Strawberry Fields Foverer, de janeiro de 1967. Ao assisti-lo, o espectador também não terá mais dúvidas: estamos diante de um legítimo videoclipe.

Mas, o que diferencia a estética videoclipe daqueles filmes musicais de Elvis Presley dos anos 50, por exemplo?

Alguns elementos – que serão continuamente abordados neste blog – dão as pistas:

- Montagem (ou cortes): transição de uma imagem para outra. Geralmente em videoclipes, as imagens duram poucos segundos e a montagem é feita de forma fragmentada, descaracterizando a linearidade da cena;

- Iconografia: são os elementos que reforçam a identidade cultural, coisas como figurinos, cenários surreais, animações e tipografias próprias.

É um termo que parece fora de lugar, mas, o que mantém coeso um videoclipe?

Para muitos, o videoclipe não possui lógica alguma. Se assim é, então, qualquer seqüência de imagens aleatória montada sobre uma trilha sonora pode ser considerada um videoclipe?

Não. O videoclipe possui uma coesão cultural e sinestésica que, não raras às vezes, nada tem a ver com a letra da música. Este é o objetivo deste blog, traduzir um pouco desta Estética Videoclipe. Embora porta-estandarte da cultura pop, portanto, feita especificamente para o consumo das massas, a estética videoclipe possui valores artísticos que influenciam cinema, TV (MTV & Cia), vídeo arte e agora a Web.

Sobre Strawberry Fields Forever

Traduzindo ao pé da letra, o que temos é o Campo de Morangos. Na realidade, ele nunca existiu. Strawberry Fields era o nome de um terreno em Liverpool onde se localizava o Exército da Salvação. John Lennon costumava brincar no local durante a infância.

A canção fala sobre a recordação da infância, de lembranças líquidas que temos e que na idade adulta tornam-se cercadas de uma espécie de aura sagrada. É uma música sobre recordar.

Ao estilo próximo do cineasta da memória Allain Resnais em um dos seus mais conhecidos filmes, o Ano Passado em Marienbad (1961), o clipe traz esta aura mágica da lembrança. Dá-se a impressão que John Lennon, da idade adulta, consegue transcender tempo e espaço e volta para o seu magnífico Strawberry Fields juntos com seus outros três amigos de Liverpool.

As seqüências são de um sonho estranho e bom. Os recursos de montagem, se comparados aos dias atuais, são simples, mas geniais. E os Beatles? Eles também não foram assim? Segundo o filósofo Rumi do século XII, “existe um lugar que devemos encontrar além do certo e do errado”, um ponto de segurança. Para John, Paul, George e Ringo, este lugar é Strawberry Fields.